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Minha rotina de trabalho no Grupo Método

01/06/2021

Roseli Claro

Oi, pessoal, essa é a primeira vez que escrevo para um blog e eu queria falar um pouquinho sobre as adaptações feitas para que eu pudesse trabalhar numa empresa como essa.

O grupo Método não foi meu primeiro emprego, mas foi a primeira empresa que conheceu a Roseli como ela realmente é.

Porque eu digo isso? Porque, nas outras ocasiões, eu precisei representar alguém que não existe, primeiro ponto importante. Como não balançar? Como não bater palmas? Como olhar nos olhos quando falam comigo? Como não ser eu mesma por pelo menos 9 horas por dia? Todo esse esforço é muito desgastante. Se não posso balançar, não consigo me concentrar, não consigo ouvir, como posso entender o que você me pede tendo que me preocupar em manter meu corpo estático?

Bem, agora tudo está bem diferente, daqui a dois meses completo três anos no Grupo Método. Minha família reclama que eu não consigo me desligar do trabalho nem nos finais de semana. Mas, o que mudou para que esse trabalho desse tão certo?

Eu respondo: adaptações? Sim, adaptações. Quais seriam elas? Bem, eu, como todo autista, preciso de muita organização. Meu dia começa às 8:00. E aí? O que eu vou fazer hoje? Quais são as minhas tarefas?

Tudo começou com a Suellen, ela é Assistente Administrativa. Acho que grande parte do meu sucesso aqui devo a ela. Eu tenho um checklist grudado na parede ao lado da minha cadeira. É só eu olhar para a direita que minhas tarefas estão bem ali. Tenho também uma Lista de Tarefas no meu computador, que atualizo ela todos os dias. Minha rotina foi cuidadosamente organizada pela Suellen nos meus dois primeiros anos aqui. Agora, vejo que cada vez preciso menos dela, estou conquistando minha autonomia e acho isso sensacional.

Mas, eu acredito que a grande e maior adaptação para se receber um autista é, com certeza, a paciência, a resiliência, a cooperação. Hoje, a sociedade, o mercado de trabalho é muito acelerado e competitivo, tudo é “pra ontem”. Isso não funciona com autistas; nós precisamos de mais tempo, de mais organização. Não me importo se vou chegar em primeiro ou em último lugar, mas sei que, se as pessoas se esforçarem para me receber, eu também vou conseguir cruzar a linha de chegada, e isso vai me fazer uma pessoa muito feliz e realizada.